Mural de Bordallo II, no Beato, em direção a Marvila (foto de Bruno Barão da Cunha).
Sinónimo de industrialização, contentores e armazéns e decadência urbana, durante muito tempo a zona oriental de Lisboa foi mal-amada e subvalorizada. Após a Expo 98 houve um impulso imobiliário para aquelas paragens, mas tudo se restringiu quase exclusivamente à área daquele evento. Tudo o resto ficou mais ou menos na mesma... até há pouco tempo.
Vinhos, munições e combustíveis
Antes do declínio da zona Leste de Lisboa, até cerca de meados do século XX, Marvila (e também o Beato e Cabo Ruivo) destacou-se por vários motivos: armazenamento e comércio de vinhos, que teve como principais figuras Abel Pereira da Fonseca e José Domingos Barreiro (cujos edifícios são ícones de uma arquitetura marcante); fabrico de munições e de material militar, atividade em que se destacou a Fábrica Braço de Prata (onde hoje está instalada uma associação cultural com o mesmo nome); e a SACOR, empresa ligada ao setor petrolífero, e que teve a sua refinaria em Cabo Ruivo.
A pouco e pouco, e devido a vários motivos de ordem política, social e estratégia económica, a zona oriental de Lisboa começou a decair. Foi preciso assistir à realização de um evento marcante para que, aos poucos, tudo começar a mexer de novo, mas noutros moldes.
A EXPO 98 foi o motor de arranque?
As opiniões dividem-se. Terá sido a EXPO, se bem que num modo lento, o impulsionador da atual dinâmica de Lisboa oriental? Uma coisa é certa: com este certame de projeção internacional o mercado imobiliário teve uma grande boom em toda a área onde a EXPO 98 teve lugar. Mas entre a estação de Santa Apolónia e Marvila pouco se passou. Toda essa zona carecia de um plano de desenvolvimento imobiliário, tanto nas vertentes residencial como empresarial e comercial. Por esse motivo, e porque considerava-se que havia pouco charme para aquelas bandas, Marvila, Beato e áreas circundantes decaíram. Houve um impulso, é certo, na habitação de cariz social, mas em zonas mais longe do Tejo e com um estigma que não convidava muito ao investimento. Todavia, tudo muda, tudo se transforma. E, de preferência para novas e aliciantes oportunidades no ramo imobiliário e não só.
A Leste tudo de novo
Hoje há muita coisa nova a mexer em Marvila. E a diversidade é de assinalar. Por exemplo, tem sede de conhecer cerveja artesanal? Erga o seu copo à Dois Corvos, à Musa e à Lince. Quer dar uma vista de olhos às mais recentes tendências da arte moderna? Em Marvila há fantásticas galerias instaladas em espaçosos armazéns. Quer dar ao dente e saciar o estômago? Encontra ótimos restaurantes, entre os quais El Bulo, do conhecido chef Chakall, e o misterioso aquele lugar que não existe. E já agora não pode ficar à porta do Entra. Entre e bom apetite.
Mas Marvila tem muito mais. É ir e descobrir.
Vale Formoso, em Marvila (foto de Bruno Barão da Cunha).
Para trabalhar e viver
Porque esta zona da capital não é só boa vida, também há espaços de cowork e um hub creativo, este instalado no Beato. Para além disso há empresas a escolher esta zona pela sua dinâmica, pelos acessos fáceis e também por (ainda) não se pagar para estacionar.
Em termos imobiliários, tanto para habitar, como para negócios, ainda existem oportunidades às quais se pode deitar a mão. Mas tenderá a ficar mais reduzida. Por isso, é melhor reservar já o seu espaço em Marvila e zonas circundantes porque, claramente, apresentam opções de investimento a ter em conta, beneficiando-se da vibrante e crescente dinâmica que cada vez mais mora em Lisboa oriental.
Francisco Duarte
Copywriter, Produtor de Conteúdos Escritos, Blogger (responsável por marcadomem.com)